quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

REGULAMENTO DO GRANDE PRÉMIO ALMEIDA GARRETT DE CONTO


Considerando que:

há muito que a Fundação Almeida Garrett (FUNDAÇÃO) pretendia instituir um Prémio literário;
um excesso de Prémios literários na modalidade de Conto tem impedido a consolidação do único prémio de grande mérito actualmente existente;
erro frequentemente encontrado é a confusão entre o conto e o mero relato – a indiferenciação entre o conto e a crónica, afinal;
em face da difusão das novas tecnologias o tempo (também de leitura) se acelera, mas não é a maior rapidez (a menor extensão) que indistingue aquelas formas diversas;
cada história breve (short story) deve aspirar a ser portadorade uma revelação;
conto é o que conta,

é instituído o Grande Prémio Almeida Garrett do Conto Português (GRANDE PRÉMIO) de periodicidade quinquenal, cuja atribuição, a partir da data a anunciar nos termos do disposto no artigo 3.º, se rege pelo Regulamento seguinte:

Artigo 1.º
(Objecto)
O GRANDE PRÉMIO tem por objectivo estimular e incentivar a produção de contos originais em língua portuguesa.

Artigo 2.º
(Apresentação de candidaturas)
Podem candidatar‐se ao GRANDE PRÉMIO todas as pessoas singulares, mas só singularmente.

Artigo 3.º
(Publicitação do concurso e dos resultados)
1. O prazo de candidatura ao GRANDE PRÉMIO será divulgado nas páginas da Internet da FUNDAÇÃO, e num jornal de expansão nacional com uma antecedência mínima de seis meses em relação à data de entrega dos originais.
2. Durante o mês referido no número anterior terá também lugar a proclamação do vencedor da antecedente edição, nos termos do artigo 9.º.

Artigo 4.º
(Valor)
O valor pecuniário do GRANDE PRÉMIO a atribuir será divulgado no momento da abertura do concurso.

Artigo 5.º
(Características da obra, e local de entrega)
1. Os contos concorrentes deverão ser inéditos (ou, pelo menos, pouco conhecidos), e terão de ser apresentados em cinco exemplares, em papel mate azul, de gramagem superior e formato T4, não devendo exceder 10 000 palavras impressas a negro.
2. Os exemplares dos contos devem ser acompanhados da identificação do autor, com nome, morada e telefone de contacto. No caso de se tratar de uma autora, acresce o envio de foto recente.
3. No segundo da quarta nota, dezanove * em quinze ==, ficam depois de três assim: um, nada, cinco, quatro, dois, seis, um, quatro, dois, três, e sobram duas, mas há mais fácil.
5. Os contos a concurso podem ser entregues na sede da FUNDAÇÃO, ou enviados pelo correio para a mesma morada.

Artigo 6°
(Edição)
1. A FUNDAÇÃO, com a colaboração de uma editora a designar, promoverá, logo que possível, a publicação em livro dos melhores contos.
2. Um júri, constituído por quarenta e cinco personalidades de reconhecida idoneidade literária, procederá a uma pré-selecção dos contos a publicar.
3. Os direitos de autor sobre cada edição serão repartidos igualmente por todos os autores incluídos no livro.



Artigo 7º
(Forma de votação)
1. Cada livro editado será acompanhado de um postal endereçado à FUNDAÇÃO, com o timbre desta, com o título de cada um dos contos publicados impresso no verso, como se de um boletim de voto se tratasse.
2. Serão considerados válidos todos os postais recebidos, com um único título inequivocamente assinalado, nos termos do número seguinte, até ao fim do mês subsequente à abertura de novo concurso.
3. Não serão considerados os postais em que seja assinalado mais do que um título, nem aqueles que apresentem rasuras, emendas ou nódoas de gordura.

Artigo 8°
(Apuramento de resultados)
Sem prejuízo da actualização mensal da votação na página da internet da FUNDAÇÃO, o apuramento final ocorrerá até ao dia 13 do mês posterior à abertura de novo concurso e será realizado com a presença de um representante de cada um dos 39 departamentos da Rede de Operações Especiais.



Artigo 9.º
(Proclamação do vencedor e entrega do prémio)
1. Finda a contagem final dos postais recebidos até à data fixada no n.º 2 do artigo 7.º, será proclamado o vencedor quinquenal do GRANDE PRÉMIO, com divulgação nos meios de
comunicação social.
2. A entrega do prémio terá lugar em cerimónia pública em data a fixar.

Artigo 10.º
(Interpretação e aplicação do presente regulamento)
1. Quaisquer dúvidas suscitadas pela interpretação, integração ou aplicação do presente regulamento serão decididas, sem possibilidade de apelo, pelo Conselho directivo da FUNDAÇÃO.
2. A participação no GRANDE PRÉMIO implica a aceitação de todas as condições fixadas no presente regulamento.

Zinha

Pseudónimo de Teresa de Vasconcelos, nascida a 23 de Abril na cidade da Guarda. Enquanto estudante de Enfermagem colaborou em várias companhias de teatro amador e na imprensa regional do Centro. Iniciou a sua carreira profissional em Coimbra, num laboratório de análises clínicas, e especializou-se na escrita ficcional dos folhetos publicitários de empreendimentos turísticos e urbanísticos. Fez uma breve incursão pela literatura negra (redacção de moções a vários congressos de um dos partidos do arco de governo) e pela ficção científica (colaboração na preparação dos programas para o ensino secundário). É reformada e vive no Japão. Durante uma breve estada em Macau publicou um livro de contos (A Genealogia do Plural, 1989).

X, Rita

Nasceu a 7 de Novembro no Porto, e vive em Itália, comutando entre Florença, Veneza e Milão. Escreveu e encenou, para a Companhia de Teatro Tradicional, Nós-Outros (2005). Tem no prelo um livro de ficções La donna è mobile (2007). Foi uma das revelações deste ano em Cannes, pelo argumento de O Rouxinol Marinho, uma produção franco-italiana. É especialista na pintura de Quattrocento, em especial na de Pietro Franceschi, Alessandro di Mariano Filipepi e de Domenico di Tommaso Curradi di Boffo Bigordi, sobre os quais publicou extensas monografias e é frequentemente consultada.

Vasconcelos, Nina

Nasceu a 19 de Outubro, na aldeia (Manhattan) onde passou a infância (o que é exacto, mas logicamente errado). Depois de vários anos internada no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Aveiro, voltou aos EUA, onde se licenciou em Ciências Ocultas & Decoração. Convidada para uma pós-graduação em Voodu em Nova Orleães, por lá ficou, como Bruxa do Oeste, até Agosto de 2005, altura em que o seu feitiço Katrina se voltou contra ela. Por ser procurada por várias companhias seguradoras, teve de regressar apressadamente a Portugal, onde tem vivido incógnita perto do Monte da Lua, a fazer feitiços para fora. Publicou um livro de histórias para crianças em inglês (Scary Mary, 1998) e um conto em português («Amor a Roma») na colectânea Outra Europa (2002).

Utra, Urbano

Nasceu a l de Abril no Rio de Janeiro, mas cresceu em Lisboa, onde cursou a Universidade Católica e fez um mestrado em Esoterologia Bíblica no Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova. Fez um MBA em Harvard e vive agora no Qatar onde é CEO da Al-Jaled Al-Abar Oil Company. Publicou um único conto: «A Esfinge Magra» (2001). Converteu-se ao islamismo para poder beneficiar da poligamia legítima e descobriu que acumular mulheres é completamente diferente de acumular amantes.

Trancoso, Duarte

Nasceu na cidade da Horta, a 13 de Maio, e continua a achar que, até agora, esse foi o momento mais alto da sua vida. Tem escrito muito e publicado pouco, para deixar uma arca à posteridade. A excepção foi o livro de ensaios-parábolas-contos A Vaga Fria, 2005. É velejador semi-profissional, com duas participações na America Cup. Nos intervalos dos seus compromissos vive em Ponta Delgada com uma sereia.

Serpa, Sílvia

Nasceu a 13 de Fevereiro, em Odemira. É advogada, mas diz que a culpa não é dela: foi o ambiente familiar – enfim, o que dizem todos. É sócia de uma grande sociedade de advogados de Lisboa, mas só faz barra nos Tribunais Europeus, e ainda não abdicou de viver em Óbidos. Apesar disso já editou uma recolha de contos – O Outro Melhor Amigo da Mulher (2002) – anteriormente publicados em sítios esconsos (revistas literárias nacionais e estrangeiras, de tiragens liliputianas).

Raposo, Octávio

Nasceu a 28 de Outubro em Viana do Castelo. Viveu toda a vida no Brasil, onde foi X-Man, até partir para Timor, onde é cooperante em Dili. Tem duas obras (supostamente) literárias publicadas: Dezembro Brusco (2000) e Terrenos Contingentes (2002). É poliglota nas diferentes versões do português.

Queirós, Quim-Roque

Nasceu a 30 de Setembro, em Jerusalém, e vive dividido entre Coimbra, onde ensina Matemática e Cabalística (no mesmo sítio e horário), e Coimbra, onde, apesar disso, também vive. Publicou um livro de poesia musicada (Letras do Canto, 2000) e um livro de palavras cruzadas (O Límpido Obstáculo, 2005). Pratica wind-surf no Mondego.

Pequeno, João

Nasceu a 8 de Abril, em Lisboa. Viveu em Lisboa, Povoação (S. Miguel, Açores), Santa Cruz (Madeira) e Alenquer, até se fixar em Sintra. É jogador profissional de basquetebol (abandonou o futebol quando ultrapassou os 2m de altura) e, para contrabalançar, mestre de xadrez. Anda às voltas com um livro que ainda não conseguiu acabar: De Halifax à contracosta (2006). Tem uma gata chamada Bill.

Onofre, Helena

Nasceu em Coimbra no primeiro de Janeiro. É jornalista free-lancer, baseada em Ulan Bator. Ao contrário de outros, tem escrito pouco e publicado muito, mas não revela o segredo da multiplicação das páginas. Livros: O Perfeito Elefante (2000); A Parka Amarela (2001); A Senhora dos Anéis (2002); O Colar da Serpente (2003); Histórias da Arca do Velho (2004); A Zebra Albina (2005); O Calendário Azteca (2006).

Moura, Antónia

Nasceu prematura a 6 de Fevereiro, em Braga, e nunca mais se recompôs disso: continua minhota e chega sempre adiantada a tudo. Esteve no World Trade Center no dia 10 de Setembro de 2001, desembarcou na estação de Atocha, vinda de Sevilha, em 10 de Março de 2004, e andava a passear por Londres em 6 de Julho de 2005. Chegou a ponderar escrever um livro sobre essa tripla prematura coincidência mas concluiu que isso lhe poderia prejudicar a carreira: se os patrões soubessem – actualmente trabalha para a NASA no desenvolvimento de um novo tipo de foguetão – o mais certo era oferecerem-lhe uma passagem só de ida para Guantánamo. Em vez disso, publicou um livro de viagens (Joana, lda., 2002) e, sob o pseudónimo de Chef Bruno, um livro de culinária japonesa. Antes de partir para Houston tinha sido modelo, bibliotecária, inspectora da Polícia Judiciária, adjunta de gabinetes ministeriais e professora de dança.

Lima, Xavier

Nasceu a 21 de Agosto em Zamora porque, nessa altura, como agora, tudo considerado, era mais conveniente para quem morasse em Miranda do Douro. Já para não falar na vantagem de ser bilingue (e multinacional) desde o nascimento. Aos 21 anos era multi-bilionário graças a um programa informático para ganhar na bolsa de Nova Iorque (Midas). Aos 23 era Hare Krishna e aos 25 tornou-se eremita na margem sul do Tejo. Aos 27 decidiu aprender violino e aproveitar a sua experiência de vida para se doutorar em Teologia. Publicou um roteiro sobre a cidade onde agora vive e estuda: Braga by Night (2007).

Jusarte, Bernardo

Nasceu a 24 de Janeiro, em Évora. Estudou cinema em New York e vive em Londres, onde fez o típico percurso de odd jobs: empregado de restaurante, atendedor de call-center, fotógrafo de moda, director de fotografia em filmes vários, assistente de realização (de Stanley Kubrick), terceiro marido da filha de um dos produtores de Eyes Wide Shut, administrador do HKSB – e, a manter-se a normalidade, futuro membro da House of Lords. Tirando uma muito comentada participação num concurso literário organizado por ele próprio (O Último Despejo, 2001) a sua primeira incursão pela escrita ficcional teve lugar no próprio Estágio de Estói.

Inácia, Isabel

Nasceu a 2 de Setembro no Ultramar (o que é absolutamente rigoroso porque nasceu no Santa Maria, de regresso da Guiné, em pleno alto mar). Toca violoncelo na Orquestra Regional do Centro, vive em Viseu, e é historiadora amadora. Publicou um livro de crónicas: Abril Abrupto (2005).

Harridralid, Ermelinda

Nasceu a 4 de Novembro, em Diu. Viveu na Ásia e no Canadá antes de vir para Portugal, como consultora do Governo. Arrependeu-se, claro. Não de ter regressado às suas raízes portuguesas, e a Alenquer, terra dos seus antepassados, mas de ter aconselhado o Governo: há Governos aconselháveis e outros desaconselháveis – e a ela calhou-lhe um desses (a nós têm calhado mais). Publicou um livro de aforismos: Xangri-cá (2001).

Gregório, Gustavo

Nasceu em 16 de Setembro, na Quinta da Marinha, e vive em Genebra, embora pareça às vezes ser ao contrário. Tem publicados um livro de poesia – Parábolas (1998) – e vários contos – nas colectâneas Ultramar (1999), Trans-Atlântico (2001) e Latine Europe (2002). É doutorado em Materialismo Dialéctico pela Universidade de Leipzig, faz análise de riscos para a Winterthur e é músico de estúdio (participou, por exemplo, no registo do último disco de Leonard Cohen).

Ferreira, Tiago

Nasceu em Trancoso em 28 de Maio, à mesma hora que, talvez, meia dúzia de outras pessoas em Portugal. Não tem a certeza se algumas delas não são as mencionadas na sua história. Está convencido de que uma similitude essencial com algum (alguns) outro(s) contos do KISMET (Contos de Fados) comprovará a sua convicção, e ameaça escrever um livro sobre o assunto – até ao estágio de Estói muito distante das suas inquietações, como resulta da sua obra literária, recolhida em Das Margaridas e Outras Primaveras, 2006. Vive em diversos sítios da Rússia, onde trabalha undercover para os serviços secretos britânicos.

Emanuel, Pedro

Nasceu na Figueira da Foz em 28 de Abril e fixou-se em Filadélfia. É escritor de livros policiais sob um pseudónimo que não pretende revelar. Editou uma colectânea de contos para uma fundação pouco conhecida.

Dito, Marco António

Pseudónimo literário de quem nasceu no Nordeste, São Miguel, em 25 de Outubro, fez o ensino em Portugal e Inglaterra e iniciou uma nada próspera carreira jornalística que o levou a Macau. Enriquecido contra todas as expectativas, voltou à Europa, acabando por fixar residência num condomínio dos arredores de Sintra. Uma revelação levou-o a professar o budismo tibetano e regressar ao Oriente, em busca de aperfeiçoamento espiritual. Vive actualmente em Xanadu, na Mongólia interior. Publicou duas colectâneas dos seus artigos na imprensa – As Campanhas de César (Macau, 2000) e O Regresso a Roma (Macau, 2001) – e uma colectânea das suas colectâneas – O Império Romano (Macau, 2003).

Colchete, Carla

Nasceu em Aveiro, a 27 de Fevereiro, e vive em Zurique, onde lecciona Sânscrito e Copta. O seu primeiro conto foi publicado na secção Policiário do jornal Público (P2).

Botelho, Luísa

Nasceu a 1 de Agosto em Idanha-a-Nova, tem um PhD em Oxford e ensina intermitentemente na Sorbonne, em Paris. É directora da Revista de Cultura Clássica, editada em São Paulo, e vive em Nice. Alcançou os mais altos gumes do êxito profissional: tem inúmeros artigos, sobretudo sobre cultura grega clássica, que nunca ninguém leu – em nenhuma das três línguas (português, francês e inglês) em que foram publicados. Nem é provável que, tirando um exíguo número de doutorandos alemães e um ainda menor número de doutorados, alguém venha a ler. Planeia escrever um romance assim que tiver um. Para o grande público escreveu O Filho de Ariadne (1999), actualmente na 7ª edição.

Amado, Fernanda

Nasceu em Soure, a 10 de Maio, e vive com o marido em Toronto, onde lecciona Administração na Universidade McGill. Além de artigos da sua especialidade publicou um livro de ficção (País Proibido, 2000). Integra a equipa de tiro do Canadá, na modalidade de fosso olímpico. Prestou serviço militar voluntário nos Rangers e é cinturã negra de karate. Não aprecia críticas ao seu trabalho e vem frequentemente a Portugal.

Participantes no Estágio de Estói

Amado, Fernanda da Ascensão Azevedo

Botelho, Luísa

Colchete, Carla

Dito, Marco António

Emanuel, Pedro

Ferreira, Tiago Ribeiro Botelho

Gregório, Gustavo

Harridralid, Ermelinda

Inácia, Isabel

Jusarte, Bernardo

Lima, Xavier

Moura, Antónia Maria

Nischenko, Victória

Onofre, Helena Vieira

Pequeno, João

Queirós, Quim-Roque

Raposo, Octávio

Serpa, Sílvia

Trancoso, Duarte

Utra, Urbano de

Vasconcelos, Nina de

X, Rita

Zinha